Uma linha de gafanhotos,
que entretanto chegasse,
como chegaram ao Egipto,
e chegaram depois do sangue,
chegaram depois das rãs,
chegaram depois dos mosquitos,
chegaram depois das moscas,
depois da morte dos bois,
das vacas e dos rebanhos,
chegaram depois das chagas
e do granizo, destruindo
tudo o que estava nos campos,
pessoas, animais e plantas,
e não sobrou nem linho,
nem cevada, porque a cevada
já estava em espiga
e o linho, já em flor,
e chegaram depois disso,
pois tratava-se de coisa pior,
uma linha de gafanhotos
não seria uma linha,
pois não estariam em fila,
uns seguidos de outros,
também não seriam duas linhas,
nem três, nem quatro,
nem cinco, nem seis,
não seria um enxame,
nem sequer uma nuvem,
porque os gafanhotos
que entretanto chegaram
eram impossíveis de contar.
Pior que estar coberto
destes animais, devorando olhos,
narizes, dedos, orelhas,
só a escuridão. Mas entretanto
a escuridão já tinha chegado.
Visão – e a visão é:
um ser humano que permaneça de pé,
ainda assim, em vez de olhos,
já só tem buracos vazados.