Se este nosso destino, tão frágil,
é como folha de planta e flor
nascer ou florir,
para depois de um breve esplendor,
depressa cair,
e se a inocência logo em vertigem
se devora
e o rosto liso da criança tanto em
breve se perde,
se não somos o rio, mas sim essa
irrecuperável
gota de água, que uma vez fluindo,
nunca mais regressa a um mesmo
ponto, então
porque é que o coração inteiro
clama
pelo que se perde, e em altos
gritos
clama, mesmo que desse silêncio os
gritos
não se elevem em direcção ao céu,
como os gritos dos homens dessas
cidades,
Asdod, Gat, Ecron, que Deus
castigou,
pois pecavam sem o saber,
e porque é que a alma inteira clama
por tudo o que não regressa,
alegria infindável,
pontual, da criança que acabou de
chegar,
leveza inenarrável de um jovem a dançar,
riso ou dor, mas ponto único,
irrepetível,
porque é que a alma inteira clama
por tudo o que não torna a voltar,
se este nosso destino, tão frágil,
parece ser de uma só vez erguer-se
para logo depois tombar?