XI


Se este nosso destino, tão frágil,

é como folha de planta e flor nascer ou florir,

para depois de um breve esplendor, depressa cair,

e se a inocência logo em vertigem se devora

e o rosto liso da criança tanto em breve se perde,

se não somos o rio, mas sim essa irrecuperável

gota de água, que uma vez fluindo,

nunca mais regressa a um mesmo ponto, então

porque é que o coração inteiro clama

pelo que se perde, e em altos gritos

clama, mesmo que desse silêncio os gritos

não se elevem em direcção ao céu,

como os gritos dos homens dessas cidades,

Asdod, Gat, Ecron, que Deus castigou,

pois pecavam sem o saber,

e porque é que a alma inteira clama

por tudo o que não regressa, alegria infindável,

pontual, da criança que acabou de chegar,

leveza inenarrável de um jovem a dançar,

riso ou dor, mas ponto único, irrepetível,

porque é que a alma inteira clama

por tudo o que não torna a voltar,

se este nosso destino, tão frágil,

parece ser de uma só vez erguer-se

para logo depois tombar?