É por tudo isto verdade
que estes limites não permitem
que te possa pedir muito,
mas apenas que venhas
como um amável carpinteiro
e com esse estranho amor
que aplaines esta madeira,
esta tábua caprichosa
que parece ser o meu espírito
até que ela fique tão lisa
que então te possas inscrever.
Dá-me força para viver esta vida,
esta vida e não outra, tal como é,
vida incompreensível, vida
desconcertante,
vida por vezes tão difícil
que mais parece
uma série bem organizada de provas,
como num curso cuja finalidade
claramente não alcançamos
e que um dia esta imagem seja
verdade,
esta imagem, porque as minhas
palavras
não alcançam mais:
que um dia eu atravesse a minha morte
como se fosse possível seguir
por essa desconhecida via luminosa
sempre sempre sempre
de mãos dadas contigo,
Deus presente e desconhecido,
mais fino ainda que o ar,
mais imperceptível que os átomos,
tão extenso como os cosmos
infinitos
e como a matéria de todos os
corpos:
ó Deus do meu desejo eterno
e que é apenas eterno
porque está fora do tempo,
não tem princípio nem fim,
este desejo, não começou nem acabou
mas tu sabes que está num outro
plano,