Porque o verde destas árvores que
se erguem,
como catedrais, ao longo do caminho
que entre os campos serpenteia,
este verde brilha de forma
incompreensível,
a par com a vibração das outras
cores,
que é inominável, e que vejo sem
poder repetir,
como se o pó estelar das próprias
nebulosas
no movimento irregular da folhagem
aí se contivesse e aí incluísse,
absurdamente, bocados de infinito.
Qualquer coisa definitivamente se
abre
no verde que assim cintila,
e qualquer coisa se escapa
nesta estranha transparência.
Tal como a escuridão da noite
que em intrigante profundidade luz,
tal como essa escuridão brilhante,
que certos pintores captaram
nos seus quadros, conseguindo
como que por milagre que o seu
negro
também brilhasse, assim também
este verde parece estranhamente
abrir caminho para um outro plano,
poeira estelar que em discretas
linhas
de fuga parte, com incrível
velocidade,
para o seu particular,
inapreensível destino.
Não há paisagens que sejam opacas.
Mesmo de noite, o que estes olhos
captam
são luminosas transparências, na
suave escuridão
que ao toque seria uma espécie de
veludo,
se fosse possível tocar uma visão
com palavras de uma aproximação
mais que perfeita.