VI


Porque o verde destas árvores que se erguem,

como catedrais, ao longo do caminho

que entre os campos serpenteia,

este verde brilha de forma incompreensível,

a par com a vibração das outras cores,

que é inominável, e que vejo sem poder repetir,

como se o pó estelar das próprias nebulosas

no movimento irregular da folhagem

aí se contivesse e aí incluísse,

absurdamente, bocados de infinito.

Qualquer coisa definitivamente se abre

no verde que assim cintila,

e qualquer coisa se escapa

nesta estranha transparência.

Tal como a escuridão da noite

que em intrigante profundidade luz,

tal como essa escuridão brilhante,

que certos pintores captaram

nos seus quadros, conseguindo

como que por milagre que o seu negro

também brilhasse, assim também

este verde parece estranhamente

abrir caminho para um outro plano,

poeira estelar que em discretas linhas

de fuga parte, com incrível velocidade,

para o seu particular, inapreensível destino.

 

Não há paisagens que sejam opacas.

Mesmo de noite, o que estes olhos captam

são luminosas transparências, na suave escuridão

que ao toque seria uma espécie de veludo,

se fosse possível tocar uma visão

com palavras de uma aproximação

mais que perfeita.