IV


Porque se a flor se inclina,

com a delicada corola

sob o vento

e subitamente canta,

porque é certo que canta,

e canta em harmonia

com a curva do caminho,

com o branco das nuvens

e com as hastes douradas

das ervas secas que ondulam -

e se entre a linha da areia,

no chão do pátio,

e a linha branca do muro,

uma surda harmonia

sem dúvida se estabelece,

e se ainda por todo o lado,

como num quadro,

uma espécie de violência musical

faz cantar e quer falar,

sem que um só nome

possa dizer,

então aquela ideia de Kant

segundo a qual

Deus é impensável

ainda me consola,

e sempre

me consolará.