Porque se a flor se inclina,
com a delicada corola
sob o vento
e subitamente canta,
porque é certo que canta,
e canta em harmonia
com a curva do caminho,
com o branco das nuvens
e com as hastes douradas
das ervas secas que ondulam -
e se entre a linha da areia,
no chão do pátio,
e a linha branca do muro,
uma surda harmonia
sem dúvida se estabelece,
e se ainda por todo o lado,
como num quadro,
uma espécie de violência musical
faz cantar e quer falar,
sem que um só nome
possa dizer,
então aquela ideia de Kant
segundo a qual
Deus é impensável
ainda me consola,
e sempre
me consolará.