É verdade que a partir daí passei a
olhar para as árvores
como exemplos dos quais podia
retirar uma lição,
ou uma inspiração. Plátanos,
ciprestes, oliveiras,
pinheiros, aurocárias, choupos,
cedros, eucaliptos...
Contemplei-os durante horas
infinitas,
como coisas de Deus, coisas que
talvez pudesse imitar.
Será que existe alguma forma de
vida mais pacífica do que essa,
a da natureza que tão suave e
imperceptível floresce?
Elas nem sequer perturbam coisa
nenhuma,
quanto mais diminuem ou causam dano
a algum ser vivo.
Erguem-se no ar enquanto o tronco e
as raízes as sustentam
e são exactamente como um hino, uma
acção de graças.
Expandem-se em ramos, folhas e
frutos e fluem
silenciosas e discretas com as
estações,
como se dançassem, e às vezes fazem
flores
e dão frutos coloridos que são
deliciosos e doces.
Nós os homens plantamo-las nas
margens das ruas
para que nos façam companhia e as
cidades
não se transformem em labirintos
opressivos de betão,
por isso, pergunto, como pode um
simples ser humano
ser assim tão generoso e tão bom?